ARCO-IRIS
meu sangue é minha pluridentidade
minha pele confusa, minha avó cafuza
meu lugar ao sol, minha africanidade
minha alma: caixa de lápis de cor
pois que sou
o produto do sumo e do sangue de tudo
o que o tempo provou
minha casca branca, gene sem par
é a ponta que oculta os gritos
e as saudades lançadas ao mar
meus porões, meu banzo sem trégua
meus trezentos anos, meu tronco
cativo, minha esperança sem mágoa
sob os trópicos, linha imaginária
somos todos nós, filhos dos mesmos pais
pés que calçam as ruas da história
quebra-cabeça da vida de nossos ancestrais
como entender que exista no Brasil
uma regra para a cor da sua gente?
eu sou branco, eu índio, eu sou mil
eu sou afro-descendente.
Teófilo Leite Beviláqua
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